Eu não sou grande craque em fazer mosaicos, mas sou fã incondicional desta arte milenar e me aventuro vezenquando. Não nos quebrados, desses eu fujo, traumatizei mesmo, porque me envolvi numa bandeja com um mosaico de cacos que durou meses infindos, mas não posso deixar de citar a mestra das masters neles: Veronica Kraemer do Além da Rua Atelier que faz coisas lindas com caquinhos!
Depois dessa bendita aí, entendi a dureza do ofício e preferi partir para composições com peças inteiras, os famosos patchworks de azulejos. Aliás, tá em dúvida entre patchwork de azulejos, ladrilhos hidráulicos e outros termos da moda? O blog Arquitete te ajuda a sanar.
Desde que comecei a trabalhar com arquitetura de interiores (e isso foi a partir de que formei em 2002), sempre tive uma certa tendência em trabalhar com orçamento apertado. Uma das minhas grandes paixões é a mistura de estilos, meio sem regra ou norma decorativa (veja bem, eu disse meio que, porque no fundo, no princípio de tudo, há uma regra e uma certa ordem).
Dos primeiros projetos que pude realizar, um deles foi meu próprio escritório de arquitetura, onde trabalhei por alguns bons anos em Santa Maria (RS). Lá fiz um lavabo que era meu xodó: paredes pintadas de verde, piso e rodapé largo em laminado de madeira, cuba de apoio quadrada e bacia sanitária Eros ambos da Incepa, torneira Duna da Deca, bancada em madeira de demolição herança da minha mãe, enfim, elementos que eu adorava, além da parede principal com mosaico de cerâmica 10×10 cm, que dava o tchans final! Então alguém pediu lavabo colorido? Eis um aí para vós!
A casa (dos meus pais) onde a gente morava – e onde também funcionava o meu escritório – era de dois pavimentos, então montei esse mosaico no piso do térreo, e de vez em quando subia na sacada do segundo andar e observava de cima. Aí descia lá, mudava uma peça pra um lado, trocava uma cor pra cá, outra pra lá, num processo meticuloso que levou bem umas duas semanas.
No dia de instalar o mosaico na parede, o pedreiro foi lá, juntou as peças em pilhas e assentou tudo do jeito dele, na composição da cabeça dele, rs. Eu só cheguei no escritório quando a parede já estava pronta e rejuntada (graças a Deus, senão ia rolar forrobodó gratuito) e achei tudo lindo, claro!Hoje meus pais não moram mais nessa casa, eu já mudei de estado duas vezes e o banheiro foi parcialmente desmontado. E se tem algo que arquitetos aprendem durante sua atuação profissional é com a impermanência das coisas e ambientes, mesmo que seja seu projeto mais adorado (tão aí as mostras de decoração que não me deixam mentir).
Daí que outro dia, minha irmã postou no meu face essa foto:Este projeto é dos arquitetos André e Mariana Weigand, do AM Studio, de São Paulo e saiu na revista Minha Casa. Reparou que eles trocaram alguns azulejos por espelhos? Achei uma sacada genial! E a bancada de concreto também, não ficou perfeita?!
Reparou nas semelhanças com o meu lavabo xodó? Nem eu os copiei, tampouco eles viram um dia meu lavabo. Meu marido (que é antropólogo) me ensinou que isso se chama espírito da época, ou zeitgeist para os entendidos.
E seguindo esta vibe, até para reaproveitamento de materiais que tinha em mãos, continuei fazendo algumas outras composições com azulejos. Na sequência a churrasqueira na casa dos meus pais.
Pesquisando um pouquinho sobre o assunto, eu descobri que:
- para os desencorajados de plantão, a Loja de Azulejos (em São Paulo) disponibiliza patchworks prontos montados por profissionais do mercado;
- a Azulejaria Brasil oferece um simulador de patchwork online;
- se você já tem uma ideia em mente, a Antigo Pisos e Azulejos tem um catálogo online bem considerável, para você montar seu mosaico.
Nunca comprei em nenhuma destas lojas, de forma que não posso falar como consumidora, mas se alguém tiver alguma opinião sobre, pode enriquecer o post e deixar nos comentários.
Mais inspiração em mosaicos? Além da Vero do Além da Rua Atelier, também sou muito fã do trabalho de Schandra Julia Zmijeski e de Martha Nucci.
Agora se você já anda juntando umas pecinhas na sua casa, logo vem post contando como componho meus mosaicos. Quem sabe montamos o próximo juntos? Abraço!
O que é esse seu suplício? É uma bandeja? Eu achei muito linda, de verdade!
Agora uma parede dessas eu não dou conta não, sou muito certinho e fico extremamente incomodado e medindo as distâncias, sequências e padrão de cores! Quase um toque! kkkk 😉
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VITOR DANTESCO
IDENTIDADE CLICK – http://identidadeclick.blogspot.com
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Vitor, foi a bandeja que me meti a fazer e levou um tempão, rsrs. Que legal teu comentário, é tão interessante observar como somos diferentes, e como cada projeto deve ser pensado para a pessoa que vai usá-lo. Me fez refletir. Valeu!!!